Certa vez Descartes disse:
“Penso, logo existo!”
Não me recordo à aplicabilidade dessa teoria em minha vida,
para tanto, modifiquei-a para enquadramento:
“Penso, logo Subsisto!?”
A existência esta pautada no ser, é inerente a este, mas
como se pode existir se, na classificação humana as pessoas pensam em mera
subsistência daqueles que não consegue entender, isso não apenas num âmbito
centralizador de sexualidade por estar expondo minha subsistência, mas numa
classificação obstante de gênero, qualificações que transpõem as barreiras do
entendimento, somente para que alguns se sintam superiores, classe dominante,
seres atrozes e donos do mundo.
Classificações que inibem pela aparência física, pela
deficiência motora ou psíquica, pela beleza de sua face, mãos, pés, cabelos,
pelo todo que possa existir distinto dos demais, causando a subsistência de
muitos seres extremamente mais humanos que estes de olhares torpes e
mesquinhos.
Penso, e como penso.
Penso nas noites tristes em que passei divagando sozinha
sobre a subsistência a mim impetrada, a ausência da compreensão, não só social,
mas familiar e pessoal, sim, pessoal.
Quando nos colocamos a pensar na subsistência nos vem os
pensamentos de vazio e nos perguntamos:
Quando foi que determinei esta escolha
como todos dizem? Quando optei pela solidão e vazio que corroem meu ser, me
destruindo aos poucos e me tornando obsoleta, me jogando num abismo sem fim?
Penso, e por pensar me encontro em profunda solidão,
imensurável solidão, creio que não possamos ser pensantes, ou devemos?
Devemos nos espelhar na luta que muitos tiveram outrora,
guerreiros que deram o sangue e suas vidas para que hoje muitos pudessem erguer
bandeiras e bradar vitória, mas até quando?
Até quando nos encontraremos dentro deste vazio e lutas, nos
tornando guerreiros de nossa própria liberdade, liberdade esta que nos é
cerceada pelo que não escolhemos, pelo que não optamos, pela forma individua
como vivemos ou, muitas vezes, fomos fadados a viver.
Me encontro só, nesse vazio, no fundo, onde a afirmação de
sua total solidão, provinda de quem declara amor, dói, machuca, fere e magoa.
Provinda de forma torpe, entre linhas virtuais, mata aos poucos, esmaga seus
sentimentos e deturpa ainda mais o bem que queira fazer, sem olhar a quem,
sendo suprimida de ter o bem feito pra si, isso dito por amor?
O amor não fere, não magoa, não machuca e não lhe deixa
permanecer num poço, o amor constrói a escada para que a solidão se finde,
arremessa a corda, mesmo correndo o risco de cair para que a pessoa amada não
permaneça no poço.
Certa vez um sábio português me disse:
“Se tiveres um amigo a cair num poço, pegues uma varinha e tentes
ajudar, se ele o arrastar, solte a varinha e deixe que vá, mas se o amas, te
jogas, por que o amor, mesmo que por um estranho, vale a pena sempre.”
“Penso, logo inexisto!!!”
Inexisto por não poder experimentar desse amor que todos
pregam, que dizem ter mas do qual somente ouço falar, um amor sombrio que
machuca e fere, de qualquer lado, mata e corroe.
Creio que as pessoas tenham esquecido o que é amar nessa
jornada árdua que tenham que traçar e, por incrível que pareça, eu ainda vou
amar, mesmo em minha solidão, eu vou amar.
Amarei ao sol por me fornecer o brilho e o calor que
preciso, amarei a lua por me dar noites pensativas e distante da crueldade
humana, amarei ao próximo como a mim mesmo, mesmo que ele não entenda minha
forma de amar, exortar e mostrar a forma correta para que não tenha os
percalços que tive, mas brilhe como o sol, que jamais se apaga sem tirar a
beleza dos outros astros, amarei o dia pela oportunidade de mais experiências,
mesmo que estas não sejam boas, mas sejam minhas e me fortaleçam e amarei a
vida por ser única para ser vivida e experimentada a cada amanhecer, cada
anoitecer e cada dia, dias estes que, sem amor, de nada valem, serão apenas
passantes e sombrios.